sexta-feira, 27 de abril de 2007

TExto do prof. Caleb

Direitos Humanos
Prof. Caleb Faria Alves
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH
Departamento de Antropologia/UFRGS
Objetivo geral: dadas as diferenças na formação e história pessoal de cada um, a aula
ministrada buscou fornecer instrumentos para que os bolsistas organizem e mobilizem
suas próprias experiências ou questões que lhe são familiares na elaboração de um
material a ser desenvolvido na oficina a ser realizada junto às escolas. Diferentemente de
outros conteúdos, os direitos humanos podem ser tratados a partir de múltiplos enfoques
disciplinares e temáticos. Não se trata, inclusive, de especialidade acadêmica. O que
define o que constitui os Direitos Humanos são os embates políticos, são as
reivindicações e as negociações delas decorrentes. Numa sociedade democrática todos
os cidadãos são considerados aptos para defender seu ponto de vista quanto aos direitos
em assembléias, praças, encontros ou mesmo enquanto representantes eleitos em
câmaras legislativas, isso mesmo que não possuam qualquer formação escolar. Assim,
procuramos tratar dos princípios que regem as relações sociais no Brasil, fornecer alguns
elementos relativos à sua constituição histórica e ilustrar o modo como isso repercute no
reconhecimento, definição e conquista de direitos no Brasil. Nesse sentido, não foram
abordadas questões específicas, como a racial, a dos direitos do trabalhador, do
consumidor, dos presos, dos índios, ou outras quaisquer, nem a aula foi pensada para ser
reproduzida na oficina, seja em termos de conteúdo ou dinâmica. Do ponto de vista da
dinâmica da oficina, espera-se que os bolsistas recorram ao que foi ministrado em outros
momentos da sua formação nesse mesmo curso. Quanto ao conteúdo, procurou-se
desenvolver elementos que perpassam todas essas questões e que orientem
equacionamentos próprios do assunto.
Como e porque acontece a reivindicação dos Direitos Humanos
Em tese, numa democracia plenamente implantada, o instrumento básico de reivindicação
de direitos é voto. Através dele elegemos representantes que fazem leis necessariamente
gerais que organizam a vida coletiva em todos os seus aspectos. Ao destacar que leis
devem ser gerais quero dizer que uma lei que beneficie apenas pessoas com dificuldades
de locomoção, por exemplo, não pode ser feita? Não. Isso por uma única razão, a lei,
nesse caso, visa estender a essas pessoas direitos gerais que outras sem essas mesmas
necessidades especiais já detêm. Essa é a única condição que permite uma exceção à
regra.
No entanto, há um aspecto relativo ao voto que deve ser considerado: democracia não é
sinônimo de vontade da maioria. Pode haver, por exemplo, uma situação de opressão
sobre um grupo cujo acesso à participação no Estado é restrita, seja por falta de
condições (ausência rampas de acesso para pessoas com cadeiras de rodas, por
exemplo), seja por seu pequeno contingente populacional. Daí o termo minorias, que são
o principal ponto da discussão sobre direitos humanos. Assim, pode haver ditadura da
maioria sobre uma minoria, além disso, o voto necessariamente está ligado a uma série
de outras esferas da vida coletiva, como a divisão dos poderes, práticas sociais,
educação escolar, a efetiva aplicação de um direito legal, orientação da ação policial, etc.
Colocar um peso grande no Estado e seus poderes quando discutimos direitos humanos
quer dizer que eles dizem respeito à obediência às leis? Não. Evidentemente, todo direito
que não está assegurado legalmente não existe enquanto tal, sua violação não poderia,
por exemplo, ser motivo de queixa judicial. Não por outro motivo movimentos populares
lutaram e conquistaram o reconhecimento do racismo enquanto crime. O Estado, no
entanto, não deve ser pensado como esfera autônoma que se impõe a indivíduos cujo
papel é o de obedecer às leis. A ditadura brasileira apresentava o Estado na qualidade de
oposto ou independente dos cidadãos, ele era visto como um organismo orientado para a
realização de deveres. O cidadão, por outro lado, era portador de direitos. O que está por
trás dessa divisão é a compreensão de um Estado tutelar do cidadão. Estado, a rigor, é a
forma como uma sociedade se organiza politicamente, ou seja, qualquer cidadão é
integrante do Estado, portanto, não faz sentido dizer que o Estado tem deveres para com
ele.
Em parte é contra essa divisão é que se utiliza o termo “Direitos Humanos”. Eles
remetem a uma responsabilidade comum quanto a tudo o que diz respeito à vida em
sociedade. Numa democracia, em tese, o cidadão é que define as características do
funcionamento do Estado a partir do que concebe como sendo suas necessidades
básicas, o que pode incluir educação, trabalho, liberdade de ir e vir, etc.
Assim, Direitos Humanos não se referem aos direitos de um grupo ou camada social
específica, isso seria, inclusive, uma contradição em termos, seria recusar a extensão do
humano a todas as pessoas. A luta pelos Direitos Humanos de presos ou outros
quaisquer referem-se à realização de direitos comuns em relação a grupos determinados.
Essa é a medida, inclusive, do uso da violência pelo Estado: ela se aplica quando direitos
são ameaçados, com o objetivo de garanti-los e na medida de sua violação. Assim, ao
contrário do que se ouve por parte dos que reagem contra os direitos humanos alegando
que defende-los é o mesmo que defender o crime, a existência e reconhecimento dos
direitos humanos é garantia da punição justa a quem os infringe e de proteção a quem é
vítima de sua violação. A luta pelos direitos humanos é, em grande medida, a luta contra
a arbitrariedade na ação do Estado.
No que consistem os Direitos Humanos
Direitos Humanos não existem por si mesmos, conforme destacado acima, eles
dependem de conjunturas históricas. Assim, há muitas maneiras de tratar essa questão.
Podemos discutir proposições universais sobre os Direitos Humanos, histórias locais,
variações, comparações, mecanismos de implantação de direitos, e outras alternativas
mais de exposição. Não é possível abranger toda a dimensão do assunto aqui nem é
esse o caso. Sobretudo, não devemos definir direitos na forma de uma lista válida para
todo lugar desde e para sempre. Sendo ligados a momentos históricos, eles são
constantemente repensados. Uma das modificações recentes, por exemplo, no que faz
parte dos direitos humanos, é a inclusão de condições de realização de uma prática
cultural, daí terem surgidos leis relativas ao tombamento do patrimônio imaterial.
Embora não seja possível fazer uma lista acabada dos Direitos Humanos, podemos
apresentar uma classificação geral dos direitos, elaborada por T. H. Marshall, que é
bastante utilizada não apenas no Brasil e que extraí sinteticamente do livro de José
Murillo de Carvalho que consta na bibliografia final.
Direitos Civis:
O que são: direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a
lei (ex.: garantia de ir e vir, escolher trabalho, manifestar pensamento, não ser preso a
não ser por autoridade competente e de acordo com as leis).
Garantia: depende de justiça independente e garante a existência da sociedade civil.
Direitos Políticos:
O que são: referem-se à participação do cidadão no governo da sociedade (é limitada a
parcela da população e consiste na capacidade de fazer demonstrações políticas, de
organizar partidos, de votar, de ser votado).
Garantia: existência de partidos e de um parlamento livre.
Direitos Sociais:
O que são: direitos que garantem a vida em sociedade, à participação na riqueza coletiva
(incluem direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria, e
outros).
Garantia: depende da existência de uma eficiente máquina administrativa do Poder
Executivo.
Direitos Humanos no Brasil
Uma característica constantemente apontada por quem pensa sobre os Direitos Humanos
no Brasil é a ausência de certos conflitos internos e externos aos indivíduos. Vou
esclarecer esse ponto com alguns exemplos: um mesmo sujeito que se declara não
racista, que convive com pessoas de origem étnica diversa, pode achar, ao mesmo
tempo, que um determinado grupo é composto por pessoas preguiçosas e que sua
condição de inferioridade social decorre da falta de empenho no trabalho; podemos ouvir
no mesmo discurso um inconformismo quanto à falta de uma atuação mais enérgica da
polícia e uma indignação enorme em função de uma multa recebida, indignação que
frequentemente chega às vias da violência contra o funcionário público que aplicou a
multa; muita gente que condena os políticos corruptos acha normal subornar um
funcionário público ou dar um jeito para furar uma fila num hospital ou serviço público
qualquer.
A questão é que essas posturas não aparecem como contraditórias nem no âmbito das
consciências dos indivíduos nem nas ações públicas que praticam. Esse modo de ser foi
muitas vezes sintetizado pela existência da expressão: “aos amigos, tudo, aos inimigos, a
lei” Esta frase diz muito sobre direitos no Brasil, ela remete à posição social dos
envolvidos numa disputa, não ao que é justo. É, portanto, instrumento de negação da
existência de um princípio universal para todos. Ela indica que, do ponto de vista daquele
que está lidando com os amigos ou que é alvo potencial das ações dos amigos, não cabe
a aplicação da lei, ela não deve sequer ser evocada. É um comportamento tipicamente
aristocrático.
Uma das conseqüências dessa postura de forte distinção quanto à justiça e ação do
Estado é a insensibilidade em relação a quem não tem amigos em cargos de poder e
prestígio. Por exemplo, ao invés de lidar com o problema da educação para todos, a
solução que encontramos foi a separação gigantesca entre o ensino privado e o público.
Assim, mesmo que faltem professores, material escolar ou merenda para crianças das
escolas públicas, isso não é objeto de indignação, ação ou cobrança por parte da classe
média. Ela resolve seu problema com a escola privada. Podemos constatar a mesma
situação na saúde, no acesso a proteção policial ou no transporte. Quando os
problemas sociais transbordam para a classe média, os jornais televisivos anunciam que
estamos vivendo uma crise. Infelizmente a solução, muitas vezes, sobretudo quando o
problema da violência, é apresentada como uma atuação mais intimidadora da polícia
para com os pobres, o que evidentemente só tende a agravar o problema.
Como tratar da questão dos Direitos Humanos nas oficinas
Conforme colocado anteriormente não há fórmula pronta para isso nem conteúdo
fechado. Dada a limitação de uma aula apenas, procurei discorrer sobre algo preliminar e
fundamental: o que pode estar compreendido numa discussão sobre direitos humanos.
Uma formação mais abrangente poderia ter aprofundado a questão em direções
específicas, mas num primeiro momento procuramos privilegiar o sentido de expressão
Direitos Humanos, sem cuja compreensão é impossível a elaboração de qualquer
atividade sobre o assunto. Além disso, um conteúdo mais direcionado, de imediato,
atenderia aqueles que se sentissem à vontade para reproduzi-lo e não serviria de nada
aos outros. Ao destacar que o essencial é pensarmos sobre as nossas práticas,
sobretudo as relativas a como nos relacionamos uns com os outros, o que procurei foi
apontar para o fato de que qualquer material que sirva para evidenciar essas mesmas
práticas e para refletir sobre elas pode ser usado numa oficina sobre esse tema. Por
exemplo, as músicas de protesto ou denúncia social, incluindo aí as composições
memoráveis de Chico Buarque ou o hip-hop moderno. As ilustrações presentes nos livros
escolares podem também servir de entrada à questão de como a participação de certos
grupos étnicos foi apagada do nosso imaginário. Pode-se discorrer diretamente sobre a
formação histórica do Brasil. Pode-se também discutir ditos populares, como os exemplos
já mencionados. Pode-se tratar da condição do índio ou do homossexual. Há várias
alternativas. O importante é reconstruir o modo como lidamos uns com os outros no que
diz respeito a como concebemos as necessidades básicas de todos e sua efetiva
realização.
Para quem não se sente à vontade para criar uma aula própria a partir do que foi
ministrado o que posso fazer nesse momento é remetê-los a algumas leituras bastante
gerais de autores consagrados sobre a cidadania no Brasil. São eles Marilena Chauí,
José Murillo de Carvalho e Roberto DaMatta. Cada um trata a questão a partir de um
ponto de vista específico. O primeiro livro fornece subsídios para a discussão a partir do
imaginário nacional. Os exemplos fornecidos vão dos textos religiosos ao futebol,
passando pela música popular brasileira e pelas festas cívicas. O segundo autor fornece
um excelente panorama histórico sobre a conquista dos direitos no Brasil. Começa com o
período colonial e vem até quase os dias atuais. É pleno de dados e bastante preciso na
caracterização dos momentos de constituição da nossa cidadania. O terceiro autor é
Roberto DaMatta. Apesar de bastante criticado pelo alcance que atribui às suas próprias
análises, ele faz uma das melhores descrições do modo de agir do brasileiro, o que fez
com que se tornasse referência constante quando se discute o Brasil. É um autor
bastante inspirador para tratarmos de ditos populares, comportamento, festas e assuntos
correlatos. Todas essas leituras são bastante agradáveis e pensadas para o grande
público. Destaco abaixo uma pequena frase de cada um desses autores a título de
exemplo, ainda que bastante limitado, do seu pensamento. A bibliografia completa vem
em seguida.
“Se os direitos sociais foram implantados em períodos ditatoriais, em que o Legislativo ou
estava fechado ou era apenas decorativo, cria-se a imagem, para o grosso da população,
da centralidade do Executivo. O governo aparece como o ramo mais importante do poder,
aquele do qual vale a pena aproximar-se. (...) A ação política nessa visão é sobretudo
orientada para a negociação direta com o governo, sem passar pela mediação da
representação. (...) Essa cultura orientada mais para o Estado do que para a
representação é o que chamamos de ‘estadania’, em contraste com a cidadania.”
José Murilo de Carvalho
“- estruturada a partir das relações privadas , fundadas no mando e na obediência, disso
decorre a recusa tácita ( e às vezes explícita) de operar com os direitos civis e a
dificuldade de lutar por direitos substantivos e, portanto, contra formas de opressão social
e econômica: para os grandes, a lei é privilégio; para as camadas populares, repressão.
Por esse motivo, as leis são necessariamente abstratas e aparecem como inócuas,
inúteis ou incompreensíveis, feitas para ser transgredidas e não para ser cumpridas nem,
muitos menos, transformadas; (...) Essa partilha do poder torna-se, no Brasil, não um
ausência do Estado (ou um falta de Estado), nem, como imaginou a ideologia da
‘identidade nacional’, um excesso de Estado para preencher o vazio deixado por uma
classe dominante inepta e classes populares atrasadas ou alienadas, mas é uma forma
mesma de realização da política e de organização do aparelho do Estado em que os
governantes e parlamentares ‘reinam’ ...”
Marilena Chauí
“Neste sentido, é importante acentuar que as discussões em torno da noção – sobre
cidadania - têm sido sempre de caráter jurídico-formal, quando ela também comporta
uma dimensão sociológica básica, já que ser cidadão (e ser indivíduo) é algo que se
aprende, e é algo demarcado por expectativas de comportamento singulares. O que é
extraordinário aqui é o grau de institucionalização política do conceito de cidadão (e de
indivíduo), que passou a ser tomado como um dado da própria natureza humana, um
elemento básico e espontâneo de sua essência, e não como um papel social.”
Roberto DaMatta
Bibliografia:
DaMatta, Roberto. “Cidadania: a questão da cidadania num universo relacional”. In:
___________ A cada e a rua. São Paulo, São Paulo, editora Brasiliense, 1985. pp. 55 a
80.
Chauí, Marilena. Brasil, mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo, Fundação
Perseu Abramo, 2000.
Carvalho, José Murilo de. Cidadania no Brasil, o longo caminho. Rio de Janeiro, editora
Civilização Brasileira, 2006.
Rio Grande do Sul. Assembléia Legislativa. Comissão de Cidadania e Direitos Humanos.
Relatório Azul 2005: garantias e violações dos direitos humanos. Porto Alegre: Corag,
2005.
ccdh@al.rs.gov.br
Fonseca, Claudia; Terto Jr, Veriano; Alves, Caleb Faria (orgs.). Antropologia, Divesidade
e Direitos Humanos. Porto Alegre, UFGRS, 2004.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Como conceber uma oficina, definir seu conteúdo e avaliar seu resultado?

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CONEXÕES DE SABERES: DIÁLOGOS ENTRE A UNIVERSIDADE E AS COMUNIDADES
POPULARES articulado com o PROGRAMA ESCOLA ABERTA

"Como conceber uma oficina, definir seu conteúdo e avaliar seu resultado?"

Profª. Marilís Lemos de Almeida - IFCH / UFRGS
PROJETOS SOCIAIS
ETAPAS PARA ORGANIZAR UMA OFICINA:

FASE I – Atividades prévias à oficina
- Momento de elaboração da oficina, durante o qual é feito o planejamento da mesma.
FASE II – Atividades durante a oficina
- Trata-se do desenvolvimento da oficina, junto com os participantes da mesma, aqui o conteúdo é
tratado por meio de estratégia diversas, tais com dinâmicas.
FASE III – Atividades posteriores à oficina
- Realização da avaliação do trabalho realizado e elaboração de relatório.
“Os projetos sociais nascem do desejo de
mudar uma realidade. Os projetos são
pontes entre o desejo e a realidade. São
ações estruturadas e intencionais, de um
grupo ou organização social, que partem
da reflexão e do diagnóstico sobre uma
determinada problemática e buscam
contribuir, em alguma medida, para ‘um
outro mundo possível’”.(Stephanou)
- Projetos sociais não resolvem problemas
sociais, mas podem contribuir para enfrentá-los
ao:
i) Trazer certas questões para o conhecimento e
debate público;
ii) Fortalecer organizações comunitárias;
iii) Aumentar sua participação na vida social e
política;
iv) Ajudar na recuperação da auto-estima e
dignidade por parte de setores excluídos;
v) Contribuir para a defesa ou conquista de
direitos sociais.
FASE I – ATIVIDADES PRÉVIAS À OFICINA
Momento de elaboração da oficina,
durante o qual é feito o planejamento da mesma.
Por onde começar?
- 1º Identificar uma situação-problema
- 2º Estabelecer para quem a oficina é destinada
- 3º Definir o conteúdo da oficina
- 4º Planejar a gestão da oficina
- 5º Elaboração de um plano de atividades
1º Identificar uma situação-problema
- Identificar as situações-problema ou desafios que expressam a problemática social existente
na comunidade em que está atuando;
- Hierarquizar estas situações/desafios numa cadeia de causa e efeito, na qual devem ser
identificadas: as causas diretas; o problema central; as conseqüências diretas.
- Identificação do problema central: identificar uma problema central, o qual é a chave para
mudar a situação problemática, mas que deve ser, ao mesmo tempo, passível de ser
modificado pelas ações do projeto;
- Identificação das causas e dinâmicas sócio-culturais que explicam esta situação-problema;
- Identificação das conseqüências para as pessoas e para a comunidade e quais os segmentos
que são afetados direta e indiretamente pela situação identificada.
“Atenção: A identificação da situação-problema
requer um diagnóstico prévio!”
Um DIAGNÓSTICO é necessário para elaborar o projeto, ou seja, para definir objetivos,
estratégias, resultados e atividades. O diagnóstico deve propiciar:
- Levantamento de informações sobre as condições de vida dos beneficiários -> esta situação
inicial será utilizada posteriormente para avaliar os resultados obtidos pela ação;
- Levantamento da bibliografia relevante sobre o tema, tanto trabalhos teóricos, quanto relato de
experiências similares.
“Atenção: Converse com o seu interlocutor na Escola!
Se não puder ir até lá, use e-mail ou telefone!”
2º Estabelecer para quem a oficina é destinada
- Definir o perfil do participante ajudará a organizar o formato, o conteúdo e os resultados
esperados;
- A identificação da situação-problema, o diagnóstico e uma conversa como o seu interlocutor na
Escola lhe ajudarão a definir quem será o público;
- Defina com antecedência o seu público e pense na organização de inscrições, que será uma
oportunidade para obter mais informações sobre os participantes e sua expectativas.
“Não esqueça: Públicos muito heterogêneos dificultam a escolha de dinâmicas
específicas e podem requer graus diferenciados de aprofundamento do tema”
3º Definir o conteúdo da oficina
I – Definir:
- Objetivos gerais
- Objetivos específicos
- Resultados esperados
II - Escolher conteúdos e atividades que permitam atingir os objetivos estabelecidos.
Atenção: eles devem ser apropriados para o grupo!
III - Planejar as atividades da oficina, definindo os materiais de apoio (textos, vídeos) que serão
utilizados e as estratégias (simulações, apresentações, discussões, relatos, etc.).
Objetivos & Resultados
Objetivos:
• O objetivo geral está ligado a uma idéia ou proposta de transformação mais ampla, é o que
move a realização da Oficina;
• Os objetivos específicos são de caráter mais operacional e apontam para os resultados
concretos do projeto.
• Os objetivos específicos podem ser alcançados ao término da Oficina.
• Os objetivos específicos estão ligados às ações e aos resultados que se espera que o projeto
atinja.
Resultados esperados:
• Que produtos ou situações concretas serão produzidas com a Oficina, a partir da realização da
sua realização.
Aos objetivos específicos da Oficina devem corresponder um pequeno número de resultados
esperados, que podem ser de curto ou médio prazo.
4º Planejar a gestão da oficina
O que deve ser verificado e planejado com antecedência:
- Procedimento para inscrição e elaboração de ficha para a inscrição
- Duração da atividade, datas e horário de início e fim;
Espaço físico disponível:
- seleção e reserva de um local para a oficina;
- organização do espaço físico no dia da oficina
Recursos necessários :
- Relacionar materiais necessários (tesoura, cola, papéis, etc.)
- Preparação e organização dos recursos e materiais para distribuição
Definir tempos de duração de cada atividade e responsável pela condução (entre a dupla)
5º Elaboração de um plano de atividades
- Capa;
- Identificação da Escola e da Dupla;
- Contexto da comunidade e Situação-problema identificada;
- Ação proposta (Oficina) ;
- Objetivos gerais e específicos;
- Público-beneficiário;
- Metodologia de desenvolvimento da ação proposta (duração total e atividades);
- Resultados esperados;
- Procedimentos /estratégias de avaliação da atividade.
FASE II – ATIVIDADES DURANTE A OFICINA
“Trata-se da estrutura da Oficina, cujo conteúdo é trabalhado
por meio de estratégia diversas, tais com dinâmicas.”
Estrutura de Oficinas:
1 – Apresentação
2 – Atividade Principal
3 – Fechamento da Atividade
4 – Encerramento da Atividade
1 – Apresentação
- Saudações iniciais: os monitores se apresentam aos participantes e organizam uma atividade
na qual os participantes se apresentam;
- Conversar com os participantes, identificando suas expectativas em relação à Atividade
- Apresentar as atividades da oficina ;
- Informar horário de início e fim, intervalos, etc.;
- Tornar claro o objetivo da Atividade e os resultados esperados (pode afixar no local).
2 – Atividade Principal
- Para desenvolver o conteúdo pretendido é importante ter planejado anteriormente a
forma como as questões serão abordadas.
- Ponto de partida: expor os objetivos gerais da Oficina e específicos da atividade que será
desenvolvida
- Os conceitos centrais poderão ser trabalhados diretamente por meio de uma apresentação
feita pelos monitores, ou podem ser construídos pelos participantes a partir de subsídios
fornecidos pelos monitores (textos, fotos e outros materiais);
- Se a atividade proposta envolve a realização de tarefas, estabeleça o tempo e a forma de
apresentação dos resultados (relato oral, relato escrito, cartazes, encenações, etc.)
- Verifique se há dúvidas ou algum outro tipo de dificuldade em relação ao formato de atividade
proposto.
- Durante a atividade a dupla de monitores deve atender os participantes esclarecendo dúvidas,
acompanhando os grupos, controlando o tempo, observando os participantes e as dificuldades.
- Garanta sempre a oportunidade para que todos participem, expressando suas opiniões.
3 – Fechamento da Atividade
- O objetivo é sistematizar e compartilhar as conclusões obtidas pelos participantes (quando a
atividade foi realizada em grupo menores);
- A forma de apresentação deve ser definida previamente e já deve ter sido informada no início da
Atividade;
- Após reunir todas as contribuições os monitores devem auxiliar na identificação de aspectos
similares e convergentes ou divergentes;
- Relacionar com os conceitos considerados centrais, resgatando os mesmos;
- Estabelecer relações com os objetivos da Oficina e com os Resultados Esperados.
4 – Encerramento da Atividade
- Feedback – avaliação da atividade pelos participantes e monitores em relação aos objetivos
estabelecidos;
- Identificar questões pendentes que podem ser trabalhadas em uma eventual 2ª Oficina;
- Estabelecer uma conexão com a sessão seguinte (quando houver uma 2ª Oficina prevista com o
mesmo público);
- Agradecimentos.
EXEMPLOS DE ATIVIDADES
1. Discussões em grupo
- Possibilita que todos expressem suas opiniões e troquem informações;
- Para pessoas tímidas pode ser difícil falar diante do grupo, especialmente se ainda no início da
atividade quando o entrosamento é menor.
2. Pequenos grupos
- Facilita a troca de opiniões e a exposição das idéias, tornando mais fácil a tarefa para as
pessoas tímidas;
- A dificuldade é que os grupos devem ser monitorados para que mantenham o foco;
objeto a ser discutido deve ser claramente informado, inclusive por escrito, assim como o tempo
previsto;
- Exige um momento seguinte no qual estas discussões são compartilhadas com os demais
participantes.
3. Debates
- Objetivo é fazer com que os participantes expressem suas perspectivas, é uma excelente
forma de aprendizado;
- Dificuldade na condução do debate – os monitores devem fazer resumos periódicos dos
aspectos já debatido, cuidar para que o foco seja mantido e evitar que uma ou duas pessoas
monopolize o debate.
4. Dramatização
- O objetivo é que os participantes expressem sua idéias de maneira divertida. Favorece grupo
que não possui elevada habilidade discursiva;
- É adequado para alguns perfis de público, pois muitas pessoas ficam intimidadas.
5. Painéis curto (10 min.) sobre o tema
- Objetivo é apresentar informações como subsídio;
- Cuidar para não ficar cansativo ou técnico demais.
- Deve ser seguido por uma atividade que propicie oportunidade de reflexão.
6. Vídeos
- Objetivo pode ser informativo ou sensibilizar para uma questão que será debatida;
- Difícil conseguir um vídeo curto e adequado ao tema abordado.
7. Retroprojetor
- Objetivo é apresentar informações de forma sintética. Cuidar com o volume de informações e
formato (fonte).
TIPOS DE DINÂMICAS
Dinâmicas de Apresentação:
- Objetivo: entrosar participantes e monitores, reduzir a tensão e a timidez decorrente de uma
situação desconhecida
- Ideal para o início da Atividade
Dinâmicas de Descontração:
- Objetivo: evitar a monotonia e romper tensões decorrentes de conflitos expostos;
Dinâmicas de Aplicação:
- Objetivo: trabalhar o conteúdo
- Exemplos: elaboração de cartazes sobre o tema; dramatizações; elaboração de músicas ou textos
que expressem o aprendizado do grupo.
Dinâmicas de Avaliação:
- Objetivo: auxiliar o processo de avaliação da Atividade.
- Ideal para o fim da Atividade;
- Identificação ponto forte e fracos e expectativas não atendidas.
FASE III – ATIVIDADES POSTERIORES À OFICINA
“Realização da avaliação do trabalho realizado e elaboração de relatório.”
Avaliação pelos participantes do trabalho realizado
Objetivo: verificar se os objetivos foram cumpridos, se os resultados esperados foram atingidos e se
os participantes gostaram. Pode ser feito:
- Em grupo
- Respostas às perguntas que são colocas previamente ao longo da sala
- Questionário de avaliação
O que mais pode ser avaliado:
- As atividades propostas e dinâmicas;
- O que os participantes consideram que foi o aprendizado mais significativo
- Que dúvidas ou perguntas permanecem.
Elaboração de relatório
- Logo após o final da Atividade faça um registro detalhado de tudo o que foi realizado;
- Se possível tire fotos da Atividade;
- Organize um registro das avaliações feitas pelos participantes sobre a Atividade;
- Estes registros ajudarão na elaboração do relatório final.
MATERIAL DE APOIO
I – Roteiro para auxiliar na preparação das Atividades
Objetivos e Resultados Esperados
Iniciar o planejamento retomando os objetivos: O que queremos com esta atividade?
Lembrar o ponto de chegada pretendido: Ao final da Oficina o que esperamos que os participantes
saibam ou dominem?
Introdução
Como é possível iniciar a abordagem do assunto / questão tratada resgatando, se possível,
experiências pessoais ou fazendo ligação com a realidade dos participantes.
Conceitos Fundamentais
Quais conceitos ajudam a entender o assunto / questão tratada. Como podemos trabalhar estes
conceitos com os participantes?
Conteúdo
De que forma será organizada a seqüência de atividades propostas? Quais tópicos serão
abordados?
Estratégias para condução da atividade
Utilizaremos dinâmicas? Quais as mais adequadas para cada tipo de atividade e momento da
Oficina.
Resumo
Como faremos o fechamento da atividade? Quais pontos devemos assegurar que sejam retomados
no encerramento? Como sistematizar as contribuições dos participantes?
Tempo
Que tempo dedicaremos para cada fase da Oficina (boas vindas, apresentação, atividade central,
resumo, encerramento).
II – Exemplo de Quadro sintético para organização da Oficina
III - REGISTRO DE ATIVIDADES
I - Identificação:
Nome dos monitores:
Nome da Escola:
Data da Atividade:
Horário da Atividade: (início e fim)
II – Atividade
Nome da Atividade:
Descrição assunto abordado: (máximo de 500 palavras)
Objetivos:
Resultados Esperados:
Método: (descreva em etapas, seqüenciais e numeradas, as atividades realizadas)
Materiais Utilizados: (textos, jornais, vídeos, etc.)
Público / Participantes (número e perfil)
III - Avaliação
Avaliação dos participantes: (indicar procedimento e resultado)
Avaliação dos monitores:
Observações: (imprevistos, dificuldades e sugestões)
Encerramento
Fechamento
Atividade Central
Apresentação
Conteúdo Tópicos Abordados Tempo Responsável Materiais
BIBLIOGRAFIA:
ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Porto Alegre, Tomo Editorial, 2002.
HONSBERGER, Janet e George, Linda. Facilitando oficinas: da teoria à prática.Treinamentos de
Capacitadores do Projeto Gets - United Way do Canadá.
LIRA, Nilsa e Paz, Sandra. Técnicas de dinâmicas de grupo e perfil do profissional de grupos.
Movimento Tortura Nunca Mais. Recife, 2001.
STEPHANOU, MÜLLER E CARVALHO. Guia para elaboração de projetos sociais. São Leopoldo,
Sinodal, 2003.
TAVARES, Celma e Lira, Nilsa. (org.) Construindo uma cultura de paz. Movimento Tortura Nunca
Mais. Recife, 2001.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Boas Vindas

Olá pessoal!
Na última reunião, percebendo a urgência de um "canal" de comunicação com a gente, pra trocar informações sobre nossas oficinas e ainda pra se manter atualizado sobre todas as reuniões que teremos ao longo do período de bolsa, resolvi fazer este blog.
Vou tentar sempre manter atualizado com o material enviado pelo deds, mas acredito que vocês todos também poderão fazer muito por esse blog, pois afinal ele é nosso!

Beijinhos Juliana Pokorski